segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

K

Marrocos



















Nas traseiras
de minha casa
há um cigano,
a quem, à noite,
por vezes,
o vinho ataca
(fantasio-o
encostado
a um candeeiro);
então grita e
uiva e 
trina,
e a sua voz trepa e
eleva-se e
a noite estremece;
lembro um Marrocos desconhecido,
uma noite cálida e
ao longe,
o Muezim 
chama para a oração,
e grita,
e trina,
e a sua voz trepa e
eleva-se e

a noite estremece; e
o meu cigano vizinho,
sem o saber,
transporta Marrocos
para debaixo da
minha janela,
numa memória ausente
porque de Marrocos
apenas conheço a mesquita
de Lisboa!

(foto do autor obtida com telemóvel)


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3 Comentários:

Blogger Boop disse...

Nas arcadas da minha casa há um homem. A quem à noite, por vezes, os fantasmas atacam. Então grita, e uiva e trina, e a sua voz trepa e eleva-se e a noite estremece.
Mas é a única coisa em comum com o "teu" cigano.
É um sem abrigo, psicótico, cuja cabeça produz vozes que o atormentam noite dentro.
Não fui capaz de deixar de o evocar ao ler esse teu texto.
:)
Ainda bem que as vozes na tua noite te levam para destinos distantes!

sábado, 24 fevereiro, 2018  
Blogger Menina Marota disse...

Muito bem enquadrado o "vicio" do cigano e o poema... gostei!
Um abraço,
Otília

sábado, 24 fevereiro, 2018  
Anonymous alfacinha disse...

Gosto muito ler o seu poema "Marrocos
Abraço

segunda-feira, 26 fevereiro, 2018  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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