sábado, 30 de janeiro de 2010

K

p o v o











Somos um povo

____improvisado sem estrela nem rumo,(1)

somos um povo
________arfando cego, apagado já o instinto

somos um povo
_______num dez de Junho insano, indistinto

somos um povo
_______viciado num azul ultramarino, extinto


"Esta é a ditosa pátria minha amada",
olhos no poente descobrindo(-se),
a Leste o forçoso apelo.
Esqueces de quem és,
o teu senhor,
e só na batalha/estádio
empunhas a tua bandeira

(pálida memória de ti!)

(inspirado num poema de Nilton Barcelli,
publicado no seu blogue)
(imagem retirada de
http://www.portadaestrela.com/)

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

K

ar

Vês tu?
É o vento que se acerca,
o sobressalto.
Traz consigo,
nos bolsos do poema,
dois, talvez três,
risos escusos.
Não vês o pardo areal
brilhando louco na gesta
mais do que esquecida,
desprezada? 
Não vês o vento,
o espanto,
a dor ressaltada?
Não vês os olhos baços,
presos nas esquinas das águas?
Não vês?
Por favor!
Não vês?
(...)
Não.
A tua voz ressalta,
quase canta,
mas teus olhos
fecham-se à matiz dourada
do tempo de agora...

(imagem retirada da net
Auguste Renoir:
"Rajada de vento")

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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

K

...

Vagueei na imperfeita orla
de rios entrecortados,
correndo pelas vastas memórias
de outroras esculpidos.
Subi ao poço de encantos,
na beira do restolho do tempo:
nacos de luz espalhavam
suspiros de olhos ocres
em poentes quase sagrados;
onde estariam meus dedos
aninhados nos sons
de pensamentos altivos?
O regresso não tinha prazo
nem demora:
rodeei os ponteiros,
tornei-me paz,
espanto,
até doçura;
nas águas suspensas,
soberbas,
mergulhei o cansaço,
o esvoaçar dos pensamentos (...)











(imagem retirada da net)

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sábado, 23 de janeiro de 2010

K

noite

Se a luz se fechasse
na policromia do excesso;
se o silêncio errasse
pelo alvorecer do começo;
se a noite se agigantasse
nos pauis em que enlouqueço,
então minhas mãos
vagueariam no nascer
de um pássaro a sul,
regurgitado
pelo encantamento
de meus lábios
[{segmentados}]
(inspirado num poema de marés
publicado no seu blogue
marés de espanto)










(imagem retirada da net,
"A onda" de Hokusai)

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

K

esculpido

(...)
uma perda menor,
um riso furtivo;
esculpo o tempo,
o grito rente
à vida;
uma ave grita,
num sonho gélido;
voltei, pois,
às amarras,
no verbo que me segue
qual flecha ansiosa,
qual trecho de Dante...
(...)
(inspirado num poema
de marés)










(imagem retirada da net)

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

K

memória


Quero cingir-me no tempo,
no triunfo;
quero ser a espuma,
o enlace,
o esfumar-me 
(...)

(imagem retirada da net)

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

K
Olhos não seguem estrelas brilhantes, é manhã num comboio cadente a trilhar o gelo exterior, Baltazar a encolher-se no saco, a pensar em Valentina que há dias foi ver o mar. Pássaro verde a galopar, a galopar, e a música a adormecer o tempo. Baltazar de pele desmaiada a levar a canção de embalar à Menina, a saber o caminho da casa que não é cabana, a saber dos pais, Sara que não é Maria e Rui que não é José, e a saber do berço branco que não é manjedoura nem tem palhas, a saber do berço a aguardar a Menina que se irá chamar Francisca. Baltazar a viajar para sul ao encontro do natal.
(extracto de um poema de moriana
publicado no seu blogue)

Balança o berço,
na espera de amanhã.
Embalados os sonhos,
a espuma triunfante,
a fronte em jeito
de sorriso tardio
(quem sabe?).
Baltazar
revolve laços
nos nós de Valentina;
Francisca descobre
o caminho lasso,
de regresso,
deixando o berço,
alvo,
na solidão das tardes
(aturdidas)













(imagem retirada da net)

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

K

terra








Pelos campos crestados,
vítimas doces da charrua,
rogavam bênçãos,
velhos pastores d'outrora.


No diluído entardecer,
entre as argolas do poço,
no retalho da horta,
cerziam-se as letras, as palavras,
dispersas pelos tempos.


No marulhar da charrua,
na braseira já finada,
teciam altivas,
as planuras moças,
tão secas,
frugais.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

K



Queria que o musgo me cobrisse
[em jeito brando, de cantochão]
e se apaziguassem as sombras,
os triunfos entardecidos,

{frugais... }

(imagem retirada de abcgallery:
Canaletto, "Capriccio:
ruínas e edifícios clássicos")

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

K

armada...

Abriguei a frota nos céus marejados
e nas nuvens inquietas;
e houve marés,
e ventanias;
e houve bonanças
e meigas vozes;
e houve um tempo
e momices de cavername,
e uma boca sublime,
nas palavras rangentes,
ruidosas, pálidas,
no doce coalhar,
leitoso,
das águas,
fluidas, 
cerrando-se!










(imagem retirada da net)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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