quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

K
Quantos eus sou eu?
De quantos sonhos
tenho de me despir
para me reconhecer?
Quantas vezes
tenho de fixar as estrelas
para cravar a memória de mim mesmo?
Sou um louco
que passeia no arame,
um trapezista que voa
entre esgares hirtos,
com as mãos imóveis,
sobrepostas. 
Dispo o casaco que me aperta,
o eu que me vigia no espelho
é aquele que rodopia no trapézio
que sorri à ante-morte,
cuja face não mostra receio,
ou uma vaga, inóspita dor... 

(fonte da imagem:

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

K

voos

Eras de tal modo ave
que,
quando
                te assomaste                                               
                       meus olhos     
elevaram-se
num festim quase religioso 


(fonte da imagem:
http://meme.yahoo.com/vanessaclass)

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K

Contas

Quantos eus sou eu?
E quanto tempo terei
para despir este eu
que me reflecte e mata,
na totalidade da espera?
Parte do caminho está feito
no conluio do que escrevo;
nem reconheço 
o que me falta ainda penar,
na inocência de uma tira branca,
baixo relevo do suplício oculto.
(fonte da imagem:
http://myra-parole.blogspot.com/)

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

K

Natal

















(fonte da imagem:
www.virtualdj.com/forums/)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

K
Perdão

Perdoaria as tuas mãos gélidas, cerradas,
o teu sorriso vago quase sepulcral,
o teu silêncio ocre;
se as tuas mãos se abrissem ao sol,
talvez a minha espinha se vergasse,
e o teu sorriso desfraldasse a lua
que enche o meu peito de gozo.
Arrasas o vazio que contigo se move,
tua sombra exulta;
teus passos coxeiam na dureza da hesitação,
calças os sapatos que escoram os teus medos.
Perdoava-te se as tuas mãos não fossem a substância
já degredo, já passado,
vil arremedo de caminhos porventura já extintos...

(fonte da imagem:
http://www.myheartstaysathome.blogspot.com/)

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sábado, 18 de dezembro de 2010

K
submersão/submissão

Hoje, submergi,
o punho fechado,
a mão longe de mim.
Entrevi, nas muralhas líquidas,
os restos do teu navio,
as aparas de madeira
com te havias camuflado,
a crença num abrigo
que nunca existiu:
as tuas águas inquietas
nunca fluíram sob as minhas.
Nesta louca imersão,
nem louros,
moda,
ou sequer passado:
tudo me foi concedido,
na certeza que meus passos
jamais abandonassem as areias fundas,
gélidas,
antárcticas,
no azul ferrete dos desertos,
dos tempos obscuros,
onde nem as minhas mãos pudessem aprisionar
os triunfos das noites insólitas...
(fonte da imagem:

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

K
Ontem














Lembro-me de quando o sol era bom,
apenas porque sim,
e não pelo aquecimento global.
Lembro-me de quando os miúdos brincavam ao ar livre,
apenas porque gostavam,
e não por viverem num campo de refugiados.
Lembro-me de quando os miúdos gritavam,
apenas porque lhes apetecia,
e não por desafio violento aos adultos.
Lembro-me de quando tratava a lojista por "menina",
apenas pela simplicidade,
e não por uma vaga razão oculta.


Mas que voltas dá a Terra,
para que, a cada instante,
tudo seja "feito de novas qualidades?"


(fonte da imagem:
http://omeusofaamarelo.blogspot.com)

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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

K
TEMPO

Agora é o tempo do pousio,
dos sonos longos e fartos;
é o tempo das neves,
dos frios soltos
em que me estendo;
há ramos gingando
ao sabor das fogueiras,
estalidos, pé ante pé;
espelham-se os dias sujos
nas poças encharcadas
ladeando a terra prenha;
suspeitam-se golfadas de ar
transviando as memórias,
pecúlios, farripas de sol;

[paz nos caminhos mornos
em dormição aninhados... ]

(fonte da imagem:
http://extinto.blogger.com.br)

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

K

queda XV













Hoje encostei-me ao meu passado,
àquilo que me enformou, formatou.
Baixei os olhos e nada vi:
os meus tempos,
sorrisos abraçados a brisas,
filmes sem realização,
nada: apenas o vácuo
entre os dois hemisférios.
Os trejeitos que a vida foi dando,
as quadrilhas, os tangos,
as mornas, os swings,
foram deixando gotejar,
sem pressas, secamente,
os pedaços desconexos, cegos,
desta marcha tonal, afónica,
a que chamas, com aparato,
(ostentação, até)
existência, estrada de redenção,
meu caro semelhante,
meu querido irmão...

(fonte da imagem:
http://blogvigiacomigo.blogspot.com/)

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

K

soneto em forma de...

As lágrimas de meu corpo,
escalam, gulosamente,
as teias que armaste
em torno da minha alegria.


Talvez haja ainda o prazer
da festa que me subtraíste,
entre trejeitos e balões,
ritmos há muito aprendidos.


Hoje regressei.
Subi os meus degraus,
acheguei-me.


Sorrisos, mulher?
Esgueiraste-me os passos,
em jeitos de fim do mundo...













(fonte da imagem:
http://mysuitabledream.blogspot.com/)

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

K

queda XIV

Um trono,
duas coroas,
uma capital.
Guardaste o furor,
tornaste fiel a evasão,
a Europa esqueceu-te,
sobrou Castela.

Um trono,
duas coroas,
uma capital.
Teu confessor
abençoou-te a partida,
na praia, uniste razões,
numa certeza obsessiva,
galopante.

Um trono,
duas coroas,
uma capital.
Fugiu-te a corte,
guardou-te a derrota;
Lisboa, órfã,
um povo sonhando,
em degredo a querer-te 
onde nunca estarias.

Castela deu o passo,
no caminho que lhe deste;
Camões morreu contigo,
levando em si
a Pátria de Pessoa!

(fonte da imagem:
Paula Rego: "Alcácer-Quibir")

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

K

impérios

Hoje,
alguns de nós relembram e  celebram:
liberdade, independência, e tal...
(e para agora? já agora???)


Mas haverá algum espanhol,
-ou mesmo castelhano-
com nostalgia deste Império?  

(fonte da imagem:
http://www.lidora.info/serranho/)

(e já agora:
ainda criaremos enigmas com o vento
ou o casamento?)

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

K

queda XIII

Do meu punho não escorrem palavras,
secou-se-me o pranto,
a vingança que se esbate na noite.
Busco o texto,
a afirmação;
apenas letras de jornais,
efémeras,
embrulham-me os gestos secos,
glaciais.
Caminho numa busca insana,
em trejeitos disformes,
sei que a minha sombra já nem me acossa.
Procuro o destilado impuro,
longe, muito longe,
de um qualquer ponto de ebulição,
a ciência das letras desvaneceu-se
num suspiro ázimo.
Não há qualquer demanda,
nem o sorriso da cínica esperança,
nem uma palmada nas costas,
amontoado de uma vaidade balofa.

Os meus passos seguem os caminhos da chuva,
de ventos que, na esperança da descoberta,
me agarrem e me deixem
no universo, no limbo
da orgástica frase...
(fonte da imagem:

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

K

triunfo II

Vai caindo o ocaso,
lento, suave;
nos meus sonhos
há uma floresta de acasos;
lasco a pedra,
sinal raro de uma luta que não travo;
sonho, talvez com o tempo,
em que erguerei o punho,
quase aberto, 
para os horrores dos animais,
dos homens quase mestres
do estancar de proezas;

Então o sonho mergulhará
na minha fronte,
e ficarei solto,
entre ventos de agora,
em vales de poeiras douradas (...)
(fonte da imagem:
http://spedeus.blogspot.com/)

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

K

triunfo

Já soava a madrugada,
entre suspiros é certo,
e tudo era uma imensidade de gotas
esvaindo-se sobre a campa
dos esquecidos;
a paz fora breve,
entre suspiros é certo,
num alvorecer confiante,
tão puro no seu rir;
então acreditou-se:
houve mesas de alegria,
campanários refulgentes,
pinotes, risadas,
entre suspiros é certo,
mas numa crença;
fugiram, então, os caminhos,
já nada era de ninguém:
as braçadas de pão,
as toalhas da fé e do conduto
voaram pró esconjuro,
mas,
entre suspiros é certo,
haverá Um 

(um só)

que, empunhando a madrugada,
e o furor do tempo e do riso,
nos trará de volta
as mesas de alegria,
os campanários refulgentes,
os pinotes, as risadas,
as braçadas de pão
e as toalhas da fé e do conduto!

(fonte da imagem:

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

K

passagem

Aceito o passo,
a calma planura;
o adormecer das folhas,
o deslizar, cambaleando,
na virtude de um Outono 
tímido;
a cacimba que não cai,
as estrofes que, suaves,
não emergem;
os troncos, pintados de musgo,
os líquenes,
levam os ramos,
os silvos quebrados
entre os ramos;
há, ainda, trilhos amenos,
mimos feitos de rendições,
tão langorosos
que este andamento aceite,
(de modo tácito),
vai colorindo a simples,
a clara mescla
dos farrapos de um Inverno
ainda sonhado, num rito*
*[de passagem]






(fonte da imagem:
http://samuel-cantigueiro.blogspot.com)

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

K

umbrais

Sobre a tua fonte,
as folhas laranja amortecidas
serão restos de merendas,
caminhos de renda solar,
cascas de lembranças
despojadas a um canto.

Na tua fonte,
estão imersas as folhas laranja;
e os sonhos,
apátridas, é certo,
despejam-se
como píxeis em cascatas raivosas,
ribombando fagulhas
no triunfo de um Outono
galgando, arquejante
os umbrais do teu olhar!

(fonte da imagem:
http://www.naruto-pt.com)

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domingo, 31 de outubro de 2010

K

limite

Que embaraço,
que tropeço,
que empeço,
esta palavra,
este empecilho,
este sujeito
sem predicados
sem modos
sem adjectivação!
Que termo sem fim,
que criatura
malina,
tão desacolhida,
tão áspera sem definição,
tão só,
cativante,
absorvente.
Interesseira,
nem se define,
ou se descreve.
É apenas 

"eu"

(fonte da imagem:

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

K

Alcácer

Transfiguro os meus olhos:
quero-os setas,
transparentes,
caminhos de vitória;
quero-os baixos,
apontando
para o menos infinito.
Quero-os par de candeias,
par de luas;
Quero-os alinhados
em três sóis,
sistema planetário
de rios ainda por desaguar
(...)
Queria que uns olhos 
brilhantes,
brilhantes de cansaço,
maculassem os riachos
das praias caudalosas
de Alcácer-Quibir...
  (fonte da imagem:
http://downloads.open4group.com/)


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terça-feira, 26 de outubro de 2010

K

queda XII

Uma palavra persigo,
faro em umbigo assente ;
a minha memória
já não regista a gramática,
pois a palavra é poente
entrando pela madrugada;
submerso pelo tempo,
o texto nem busca glossário;

os meus olhos nem sentem
as sobras de tempos vadios;
há frases que buscam os meus dedos,
nada encontram:
encarquilho-me pela fuga do sujeito.

Escrevo,
escrevo o que me ditam os olhos,
cegos da poeira viscosa
que se atravessa pelos corredores do tempo;
as distâncias alteram-se em "vês" de vitória
(ou vitupério);
debruço-me, enfim,
no balcão do devaneio:
o poema cintila,
fresco,
quase vida;
falta ser meu:
em acta lavrada,
papel assinado,
registo, escritura
por meu pulso firmado.
(fonte da imagem:

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sábado, 23 de outubro de 2010

K

queda XI

Esmoreço-me,
semi-caio neste vale, 
nas falhas espraiadas,
no desespero gotejante de uma madrugada ácida.
Sussurram longe os poemas que não escrevi,
sôfregos de autorias que me escaparam
entre os meus dedos gastos por advérbios
sem modo,
por sujeitos sem qualquer complemento,
por verbos que nunca transitaram.


Já subjuguei os alfabetos, sim:
latinos,
árabes, até;
todos me cederam o que tornei meu:
as palavras dolorosas,
as palavras ostensivas,
as palavras dolentes,
as palavras-minhas-palavras assim erguidas.


Esperavam arte os que hoje atrasam,
entre soluços,
os castos ponteiros
das horas azougadas.


Sou deste vale de esperanças maculadas,
forjadas em mim,
restos piedosos de triunfos mal entrevistos!

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

K

queda X

Que fizeste do tempo que te hão consentido?
Que bafos respiraste,
que passos deste
para que teus sonhos se não completassem?
Praticaste o crime dos sem-memória,
daqueles que velam nas esquinas
transidos, apertados pelo ontem, pelo amanhã;
exumam  o hoje,
entre gargalhadas dispersas, cavas,
e cruzam os olhos nas distâncias,
nas paredes onde medras,
líquene,
musgo,
graffiti imaculado,
espelho curvo sobre ti mesmo...
(fonte da imagem:
http://ledali.com/page/1/salvador-dali,
Salvador Dali: "Persistência da memória)

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domingo, 17 de outubro de 2010

K

espaços

Talvez haja silêncio,

no meio das palavras,
dos concílios.
Talvez o silêncio
jogue com os advérbios
de um modo inconsistente,
triste,
choroso, até.
Quem sabe se
uma faísca, um toque 
não será o vácuo puído
que cai entre as palavras
a que chamamos
barra de espaços...?

(fonte da imagem:
http://www.techonthenet.com/)

(inspirado num poema
de moriana publicado no seu blogue:
www.moriana2.blogspot.com)

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

K

queda IX

Estão gastos, os sons;
formam-se placas tacteantes 
entre os meus dedos escorrendo amanhãs.
Não regressarei,
meu tempo vagueou entre geometrias desamparadas;
miro o ventre oco de um sorriso:
será o último passageiro a regressar,
até as minhas mãos hão-de mostrar-se lassas
ante os meneios hirtos de Pandora.

(fonte da imagem:
www.sou-varne.com;
Salvador Dali: "A mão (remorso)"

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

K

(...)

Contenho em mim quase o Universo,
fui parte do último que se extinguiu;
em solenidades pagãs fui incenso;
fui vela parda da primeira Descoberta;
volteei em bailes de salão;
fui naifa canalha em corte liso;
em vias (de facto) hoje sou:
caminho, estrada, atalho, rio desviante...













(fonte das imagens:

http://www.stoptherobbery.com e
http://www.astro.umd.edu)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

K

Pan-(dor)-a


Cristalizaste os teus erros;
subiste a escarpa, velaste a madrugada.
Então,
rindo, 
sentada sobre o mundo,
funambulaste,
quási acrobata num trapézio baço,
exibindo o ouro dorido, a prata vaga,
num esgar de meias-noites ainda rubras.

Então, soltaste medusas
- e Pandoras das caixas -
 e a vacuidade porosa
foi, altivamente,
tomando conta das colinas,
dos montes, das falésias até,
num gesto largo de oração,
de desmedida reza suspensa...
(fonte da imagem:

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

K

(des)crever

Remiro-me ao espelho do que escrevo:
cada palavra, cada respiração, cada suspiro,
eu trato com tesoura de poda, cinzel delicado;
busco o signo, a semente, o sentido,
no sortilégio de uma ténue inquirição.

Sou o meu destino,
todos os alfabetos se me subjugam,
vagos, quase frugais;
releio-me na cobiça da excelência;
espero-te no descarregar de cada página...
(fonte da imagem:
http://www.techfemina.com)

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

K

...


Enlacei as fadigas
em braçadas de tulipas;
o meu perfume sorriu ao vento,
aos feixes dos raiares d'aurora....

(fonte da imagem:
http://commons.wikimedia.org)

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

K

névoa

Os ténues vestígios,
as ternas aves que te semeiam,
os rastos,
espumas de declives
que ainda reténs,
levam-te à circular demência;
mas essa - nebulosa, bem sabes - aspira-te o colo,
e as ervas, os galhos, os troncos,
já nem espalham horizontes;
sobrar-te-á, talvez,
a prisão,
uma janela à beira-mar,
drapejada de glicínias...
uma espera no riste do vento
que, só ele,
te perdoa as intempéries.
(foto do autor tirada com
telemóvel: farol em
S. Pedro de Moel, Portugal)
(texto publicado em primeiro
lugar no blogue
GPS em que participo)

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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

K

origem


Vigia as tuas mãos,
os teus olhos,
os teu pulsos;
não rasgues os teus dedos na caliça
que te esqueceu;
não ouças as visões - brindes do tempo;
não cabeceies sobre o teu peito:
já não há quem se incline sobre ti.

Regressa à tua terra,
agarra os torrões, as ervas,
abraça os teus trilhos e sorri ao vento,
as madrugadas pertencem-te,
e os poentes alargam-se
e pintam-te a alma de ouro.
















(fonte da imagem: net, origem desconhecida)

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domingo, 12 de setembro de 2010

K

aro

Espojei-me, pois, na tua luz;
mirei o meu dedo firme,
apagador de todas as promessas;
pisquei-me,
quase rarefeito,
aguarela deslavada,
nas viagens circulares,
cavalgando as ondas
que o céu extinguiu.

Sou o que o mar te salgou,
a vida que te ensoberbece,
a coluna do teu fumo;
verga-te, pois,
contrito,
ao meu lume,
ao meu decreto!

(imagem do autor
obtida com telemóvel:
S. Pedo de Moel)

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

K

roda


Guardo o dia em que meus braços se estenderam,
o pó da estrada, a névoa fulva, a luz,
rodearam-nos, calçaram-nos no seu verde pranto.
Fiquei assim, perdido no vazio, entre as paredes calvas
de masmorras nem sonhadas, de tão errantes.

Quem será aquele, ali na falésia, com os braços esquecidos?
Por que se estenderá de borco,
nariz afilado, como que ganhando asas?

Ah, homem...
não te faças sozinho à vida,
deixa que outros passos sigam os teus.

Homem...
se te acompanham,
acautela a tua sombra,
porque duas querem mais,
demais.

Conforma-te, pois:
a tua sombra, os teus passos, pertencem-te.
Deixa os teus braços sorrirem ao Sol,
que a Lua lhes beije as madrugadas,
que um entardecer dourado
lhes faça luzir as memórias felizes.
A parede escorrega pelo tempo,
a falésia esqueceu-te:
sobraste tu,
no teu sonho
entre gargalhadas de crianças.

(fonte da imagem:

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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