domingo, 31 de maio de 2009

K

Hoje

Quero soprar para longe
a minha fome de amanhã.
Quero espreitar por cima
dos ombros do hoje.
Quero não ser mais escravo
do dia incerto.
Alongo o tempo,
fixo o calendário
,
(o relógio);
contemplo o hoje
fluindo
pelas minhas margens,
espreguiçando-se
entre dois ramos
de memória.
Espraia-se ainda mais,
e eu vou ficando dolente,
estendido,
mirando o hoje,
assim, sem mais
ou menos…


(foto retirada da net)

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

K

tiptoeing


I'll tiptoe
whenever my feelings
tiptoe me to go.
I'll knee and pick up
a flower of tiptoed colours.
The tulips will break,
and their redish colours
shall tiptoe upstream.
The garden,
the moonlight,
will flourish,
whenever I tiptoe
chasing you
through the bushes
of mystery,
of wonder.

(inspirado num poema de Al Dubin/Joe Burke em moriana2)
(imagem retirada da net)

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terça-feira, 26 de maio de 2009

K

palavras


Podemos silenciar todas as palavras

porque no nosso peito

elas estão vivas

(Paula Raposo em “As minha romãs”)

Podemos calar todas as armas,
silenciar revoltas,
mas as palavras
sempre ficarão no nosso peito.
Podemos despejar nosso olhar,
noutros olhos,
fechar o que sentimos,
mas as palavras,
essas,
ficarão no nosso peito.
Podemos até fugir,
mudar de terra, de afectos
de nome,
mas as palavras ficarão no nosso peito,
vivas.
Acordam-se os homens,
acorda-se o tempo,
acorda-se a vida,
porque há palavras
que em si trazem sementes de revolta, de mudança, de comunhão.

“No princípio era o Verbo…”

(imagem retirada da net)

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

K

giz, graffiti


A flor abre-se,
uma menina escreve;
graffitis alegram os muros.
Partilho o meu medo,
contigo,
para que te possa olhar
em todos os limites.
Uma lata de spray
cai das mãos da menina,
a noite subtrai-a.
Um pássaro esvoaça
em círculos,
entre os vórtices
dos meus temores.
Reaparece a menina;
vem só.
A flor abrira-se
e dera-lhe o pau de giz;
ela apenas escrevera no velho muro:
"quero olhar em frente
sem receio do medo. Só."
(inspirado no excerto dum poema de Alejandra Pizarnik publicado por moriana)
(imagem retirada da net)

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K

...o lápis

Onde estará o meu lápis?
Aquele que me pensava,
me traçava as linhas.
Fora o tempo dos receios,
dos trilhos sem caminho.
As emoções bailavam,
entre o tudo e o nada.
Nada mais.
Ausência.
caminhei entre as tubas,
violinos, violetas, trompetes,
uma orquestra absorta
em si menor.
Onde estaria o meu lápis?
Aquele que delineara com Braque,
satirizara com Eça,
e me deixara esperançoso
de uma arte que me transluz.
Agora estou mirando o tecto,
o infinito pra lá da janela.
O lápis da minha esperança…

(imagem retirada da net)


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K

Atalhos


Caminho sob mim próprio,
há tenazes que me abrangem
subtil, docemente.
Entre as palmeiras
fugas de brisa,
de poeiras de cor fosca.
A terra afunda-me,
o mar ocre,
desvenda-se em laivos de vapor,
enquanto a vida se espelha.
Houve dor queimando as secas matrizes.
Balançou o pesar entre as silvas.
Os montes anexos,
os juncais,
trepavam-se e soldavam os cumes.
Fiquei estático.
sabia que a urze
cercaria os meus caminhos,
qual serpente bífida,
tricéfala.
Bastei-me,
Apenas o gosto da vida,
em paisagem morta, espúria.
(imagem retirada da net)

terça-feira, 19 de maio de 2009

K

Na passagem do uivo,

senti a brisa,

descarnada,

quase em fumo,

ou pó,

ou ambos.

Caminhei ainda,

dois cravos em justa liberdade;

papoilas,

memórias livres

(ainda).

Segui os passos da Via Crucis:

amarrações, cordames,

cercas vivas;

ao longe uma Caveira.

Caminhei,

a volta à passagem do uivo.

Tudo se sacudiu sobre mim:

somos livres, liberdade,

suor em sangue;

as flores esquecidas,

as palavras decaindo.

Encharcado em memória,

espreitei o amanhã,

arrepiado...

(imagem retirada da net)

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

K

warm feelings


i sit and wait
as the rain does not come


i feel the warmth of a passage


always shaking,

gliding as my heart goes forth.
i sit and wait,

i find myself in a margin

in a greenish tower,

falling apart as my feelings do.

no blues,

no piano playing;

the violin arch still goes

like an arrow


aiming a far, far away soul,

beneath the border,

the limit, though,

going away

in a forgeftul manner.
(inspirado num poema de moriana2)
(imagem retirada da net)

sábado, 16 de maio de 2009

K

montagem a preto e branco

(Em plano médio)

A navalha,

restos de casa,

sem memórias,

nada.

Corte de vida,

"director's cut",

numa montagem

em jeito de poeiras,

um preto e branco desmaiado,

entre os dois retratos pendurados,

o cântaro (de)leitede vidas esconsas.

"Special effects",

a braseira, o lume;

onde páram os duplos, os "stuntmen"?

Aqui é a vida,

só uma "acção",

entre um suspiro

e um tique do relógio...

escorre o tempo?

Meus dedos percorrem

aquelas vidas,impávidos.

Não!

Não fora este o lugar do nascimento!
(Plano americano/grande plano com grua)
(a partir dum poema de moriana em moriana2)
(imagem retirada da net)

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sexta-feira, 15 de maio de 2009

K

Palavra

Entre dois quartos de lua,
rarefiz-me.

subi, montanha acima,

a palavra, a busca.

Entre dois sonhos,

refiz a busca,

não te marquei
ou sublinhei.

Entrei, em vão,

súbita presa do meu falar.

Ficou o muro por escrever,

muro que lamentei,

entre gritos vazios,

quase brancos de memória.

A busca é surda,

o manual fechado.

Passou o tempo das folhas maduras,

dos lápis nascentes.

Hoje, tudo se fechou,

e o silêncio reveste

as lombadas...
(imagem retirada da net)




quinta-feira, 14 de maio de 2009

K

Aqui estás:

força bruta,

milagre,

memória de físicos, matemáticos.

Tributo a Da Vinci, Galileu, Newton, Kepler.

Não sabes quanto vales,

apenas um destino fabricado.

Equações, fórmulas, papéis,

eis o que és:

brio,

5 sentidos do Homem

caminho, onde o seu braço não vai.
Não sabes quanto vales,
a tua força,
os olhos que te seguem,
os dedos, às vezes, cruzados
que te miram.
És tributo,
milagre,
folha de equações,

és o triunfo
(és a queda...)
(imagem retirada do site da NASA)





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quarta-feira, 13 de maio de 2009

K

Silêncio, caos


"... e é o silêncio que perdura

quando morremos em nós"

(inspirado num poema de Paula Raposo em "As minhas romãs")

um silêncio descaído;
uma voz que já não chama,
sentada num chão encerado
uma vida que teima
em viver.
Já não há brados,
clamores;
(voz que clama no deserto...);
apenas, só a luz de mofo
que entorta o vazio.
Vagos suspiros, queixumes,
uma morte que tarda,
persiste um caos,
mudo, silente,
uma voz que já nem condena,
zanga ou enfurece...
não há esperança ou caminho;
no chão encerado,
houve um clarão,
fugaz...
(imagem retirada da net)

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segunda-feira, 11 de maio de 2009

K

ouro-luz

(imagem retirada da net)

Endureci a crosta do solo;
salguei o rosto,
o sol empinado,
costas geladas
daquele sangue brutal;
entre as foices de trigo
(ouro faísca, ouro cego)
malham insectos;
vidas resvalam socalcos abaixo,
perdido o vinho,
o pão,
a semente.
Restam duas enxadas,
entre dois passos de horizonte,
resta um homem, uma mulher,
uma volta na eira,
uma ilha de raiva,

[inacabada]

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domingo, 10 de maio de 2009

K

gravura

Podias ficar com uma imagem;
a luz das palavras,
dos sons
trocam o signo.
Lugar onde,
de onde,
sujeito sem objecto.
A partida nem saiu do molhe,
a figura,
a imagem,
o retrato,
descansaram sobre o aparador,
escondidas em memórias
empoeiradas num amanhã insone.

(vd. fig. inclusa)

(retirado blogue em que participo www.gps-poetasdomundo.blogspot.com)

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

K

A rua do quiosque










Sonhei uma álea,


quiosque de pastiches,

tinta-da-china,

linha quase dolorida.

Ao canto, numa frinja,

entre dois leões escapados do pó,

uma água-furtada espreita.

Para nada ou ninguém.

As quatro pessoas não passam;

sorriem ao nada,

ao infinitamente branco

dum enquadramento alegre,

entre gargalhadas espumosas.

Sempre sonhei assim a minha rua.

Qui-la assim,

assim ma deram.

Possuo-a

como o dedilhar,

amoroso, filigranado,

do mestre guitarrista,
na ternura envolvente do seu amor,

nos olhos que soerguem aquela álea,

a semiabrigam do sol,

lhe levam gotículas de água,
e suspiram de enlevo.
(retirado do blogue em que participo gps-poetasdomundo.blogspot.com)

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domingo, 3 de maio de 2009

K

meu cansaço


Açambarquei um olhar,

pendurei as estrelas,

sorri à coruja estremunhada.

Entre rosas, braçadas,

encantei o sorriso dum jardim,

quase tão florido,

como coroada estava a fronte

dum qualquer atleta,

em fuga do seu perfil,

da sua latitude.

Emergi,

entre velhas urzes,

graciosas sombras guiavam

um infidável tempo escalavrado,

já.

Sentei o cansaço,

entre um pas-de-deux

e uma roda.
Sorri.

Era o vento de trevas,

quási infinitas,

sublimes

inocentes.

A estátua insólita,

duas rosas,

dois pulsos

entrelaçados...


(imagem retirada da net)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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