sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

K

medievo





Caí-me sobre o caos.


Meus braços, pernas, todo


pendiam como roupa pendurada


numa qualquer ruela medieval.

Um velho suor,


doutras paragens,

transbordou de dedos


fatigados de batalhas


de outros,


para outros.


Só me restavam as armas


e memórias de sangues.


Só armas,


memórias apagadas


de verde,


muito verde,


das colheitas de nós.


Com a espada não se ceifava;


nunca se havia ceifado,


ou feito o que fosse.


Pintarroxos, grilos,


já não o metal,


a imprecação.


Endireitei-me,


a espada sob o queixo;


nada era dos meus olhos;


então, meu exército,


pela primeira vez,


retirou.


Sem plano de batalha,


derrotado por si próprio.


O inimigo: eu mesmo.

Dera-me a el-Rey.


Nada tinha,


nada era.

Um espírito malquisto,


uma maldição errática.

O esconjuro de ter sido d'el-Rey...


Deus guarde el-Rey!



(Foto tirada da net)












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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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